Amanhã, no âmbito da prestação de Provas de Doutoramento, defenderei sete teses que se constituem como ideias nucleares para a melhoria da ação educativa, nomeadamente:
1. É a política educativa global que gera e gere as possibilidades de inovação, mudança e melhoria dentro das organizações escolares. Só uma política bottom up, que reconheça às escolas a capacidade de se auto organizarem com vista à resolução dos seus problemas poderá criar as condições para melhorar, de forma significativa, consistente e duradoura, os processos e os resultados educativos.
2. A gramática escolar, ou seja, as estruturas regulares e as regras que organizam o trabalho de instrução, determina em larga medida o processo de escolarização e os seus sentidos. Só uma intervenção que altere a sintaxe da organização tem condições de fazer emergir novas possibilidades de sucesso.
3. Apesar da centralidade da alteração das condições organizacionais como ponto de partida para repensar as questões do (in)sucesso, essa alteração, por si só, não basta para orientar a escola para o sucesso. A alteração do modelo didático, o modo como se pensa e concretiza a ação estratégica na sala de aula, os métodos, os recursos de ensino, a relação pedagógica são variáveis fundamentais na construção das possibilidades de sucesso.
4. As lideranças (de topo e intermédias) são fundamentais em qualquer processo de mudança bem-sucedida em educação. A investigação mais recente sobre modelos de liderança refere a liderança para a aprendizagem, que engloba características dos modelos de liderança instrucional, transformacional e partilhada, como o modelo mais propício a orientar as escolas para a melhoria contínua dos seus processos e dos seus produtos.
5. Só uma visão integrada e sistémica que rejeita dicotomias esterilizantes mas antes integra e combina o fora e o dentro, a organização e a pedagogia, as culturas organizacionais e profissionais, tem condições de gerar e sustentar novos modos de ação pedagógica. Isto porque a complexidade da escola enquanto organização, da ação pedagógica e do próprio ser humano não se compadecem com visões unilaterais e espartilhadas da realidade.
6. As escolas orientadas para a melhoria beneficiam de uma lógica de ação em rede dentro da organização e entre organizações que se sintam incluídas num propósito comum de elevar os resultados do sucesso. Estas redes permitem ligar as pessoas a um conjunto de valores e ideias comuns e criam as condições necessárias para “a criação de uma sensação nós a partir do eu de cada indivíduo” (Sergiovanni, 2004).
7. Não podemos continuar a ensinar os alunos "como se todos fossem um só", tendo como referência a ficção do aluno médio. É preciso organizar a escola sob um mundo de diversidade. E isso implica considerar novas formas de organizar e agrupar os alunos.
"Enquanto eu tiver perguntas
e não houver respostas...
continuarei a escrever."
Clarice Lispector
Ilídia Vieira